top of page

Meditar é simples e para todos. E sim é eficaz!

BY ZÉH BARRETO

Por quê a meditação tornou-se assunto de relevância nos meios de comunicação e como ela pode interferir em nosso dia a dia?


ree

Respire fundo por alguns segundos. Na sequência feche os olhos e observe o ar que entra e sai de suas narinas. Perceba as sensações do seu corpo. Respire fundo por mais alguns segundos. Pronto você meditou!


Meditar é algo simples a partir do momento que entendemos ser uma prática que não exige somente sua intenção em querer parar alguns minutos de seu dia.


Durante estes anos que estudo meditação, e entenda estudar meditação não somente no campo da ciência mas na prática constante, ou seja, na experiência de sentar-se e observar-se, recebo muitas indagações, afirmações e reflexões de amigos, parentes e clientes dizendo incapazes de meditar.


Frases e pensamentos como: “Adoraria, mas isso não é pra mim”, “Não consigo não pensar em nada”, “Sou muito agitado, preciso de algo mais forte” ou até “Sou de outra religião”, “Não tenho religião”, são comuns quando falamos do tema meditação.


Gostaria de alinhar alguns pontos fundamentais antes de seguir com esse texto e acredito que poderá ajudar você nesse caminho da observação.


1. Meditação é para todos: Meditar é uma prática que pode ser realizada por qualquer pessoa, não tem restrições nem contra indicações. É uma prática e não um dogma ou restrita a uma determinada religião.


2. Meditar não é esvaziar a mente, pelo menos agora: Meditar é um exercício, treinamento que ajuda no controle das reações dos estímulos que recebemos. Pensar é uma das funções que nosso cérebro exerce e deixar de pensar seria uma luta sem fim. A prática da meditação te ajudará a não dar vazão a estes pensamentos.


3. Meditar para não agitar: Se parar é algo que não passa pela sua cabeça por ser agitado, sugiro que reflita ao contrário. Parar alguns minutos é o caminho para baixar o nível de agitação. Portanto um pouco de determinação e disciplina em um curto período fará você colher os resultados e reverter esse pensamento.


Por acaso o que pontuei acima esclareceu algo, seguimos com o texto. Caso contrário, pare, respire fundo algumas vezes, observe sua reação em relação aos pontos acima sem colocar seus pontos de vistas e siga com o texto da mesma forma.


Acredito que o tema tornou-se muito comum em capas de revistas, a partir de depoimentos de grandes executivos e pessoas famosas pois a prática de certa forma começou ser vista por outras óticas que não somente a do universo religioso ou holístico. Com os avanços técnológicos nas áreas cientificas, ficou cada vez mais fácil vizualizar e mapear o funcionamento de um dos orgãos mais complexos e intrigantes da especie humana – o cerébro. Abriu-se então o campo da neurociência apresentando-se com métodos e ferramentas tecnológicas atreladas a estudos e componentes estatísticos que mensuram o mapeamento e indicam resultados dando vazão a novas descobertas e suporte para estudos já inciados em outras áreas.


Com isso os estudos ligados a meditação e seus efeitos começam a ganhar campo e com eles as conclusões que até então eram defendidas por outras áreas ou dogmas e rituais.


Mas quero usar minha breve história para que entendam melhor como fui parar nesse universo e percebam como a arte de meditar é algo alcançável.


Este tema sempre me chamou atenção por uma questão primeiramente pessoal. Sempre fui agitado, sem muito foco e altamente estressado nas formas de me relacionar tanto na vida pessoal como na profissional. Cheguei a ter momentos onde somente remédios ansiolíticos me faziam parar.


Há nove anos, meu irmão, que sou grato até hoje, apresentou um curso de meditação que me colocaria dez dias meditando aproximadamente 12 horas sem nenhum tipo de comunicação entre os participantes do curso. Pânico e resistência foram meus primeiros sentimentos em relação a proposta. Mas sem muito questionar e entender o que viria pela frente, me comprometi a seguir o programa do curso pois acreditava ser algo bom e relevante para o meu atual momento de vida. O fato é que aprender e praticar a técnica de forma intensiva durante 10 dias reverberaram em minha vida de uma forma significativa e sem muito compreensão naquela época. A partir daí me comprometi a seguir com a técnica e reciclagem do curso 1 vez por ano.


Este movimento em minha vida instigou a entender como uma prática tão simples poderia gerar transformações tão relevantes em meus comportamentos e vida. A partir dessa época, já me engajava de forma mais direta nos estudos ligados a comportamento, me especializando em áreas como coaching, gestão de pessoas, mediação de aprendizagem entre outras. A inquietação por entender cada vez mais esse universo infinito que é o ser humano, me levaram a cair nos estudos da neurociência e nela aprofundei minhas pesquisas em meditação pela ótica cientifica. Por isso quero poder compartilhar aos poucos de forma mais simples e direta algumas reflexões, conclusões, estudos e experiências que na prática do meu trabalho como Assessor em gestão do conhecimento e Coaching tenho desenvolvido com meus clientes.


Mas por quê a meditação é algo que pode transformar nossos comportamentos e melhorar nosso dia a dia?


Sugiro uma análise e reflexão sobre alguns conceitos em relação a definição da meditação segundo alguns autores para que entendam meu ponto de vista em relação a essa prática.


Lembrando que não estou aqui para fechar, dogmatizar ou estabelecer uma única verdade sobre o tema. A proposta é a reflexão a partir de bases que possam fazer com que você encontre o seu caminho sobre o tema.


Segundo Gauding “A meditação simplesmente se refere a fazer a escolha de concentrar a mente em alguma coisa.” Portanto vale entender que nossa mente estabelece diretamente uma conexão com os estímulos que são gerados externamente e internamente em nosso meio.


Daniel Goleman (1988) em suas definições atribui a via da concentração como atributo para eliminação de distratores fazendo com que a função principal da meditação seja atingir a unificação da mente através do foco em uma só direção ou único objeto.


Segundo Franscisco J. Varela, Evan Thompson e Eleonor Rosch, (Apud Danucalov & Simões, 2009, p. 222) “Seu objetivo (da meditação) é levar a pessoa a tornar-se atenta, experimentar o que a mente está fazendo enquanto ela o faz, estar junto com a própria mente.”


Para Laumakis (2008, p. 281) “É o processo e a atividade de cultivar a consciência e de devolver a mente ao seu estado original de alerta.”


A partir destas definições destaco o fato de que a prática meditativa está ligada diretamente a um estado focal e de atenção, seja em um objetivo específico interno ou externo.


A prática da atenção é algo que rege o exercício da meditação. Treinar a mente a focar em um objeto é a premissa para exercer a técnica. São vários os estilos de meditação e isto quero abordar em outro texto para que fique mais claro pra vocês. Vou apresentar aqui o resultado de algumas pesquisas de forma geral para que possamos entrar no contexto em relação a esse tema e que em outros posts possamos ir juntos construindo esse conhecimento.


Os estudos em neurociência e meditação apresentam resultados relevantes que respondem a pergunta deste texto. Estudos tem mostrado que a prática da meditação interfere em nosso cérebro de forma significativa. Estas interferências que são identificadas em áreas específicas estão ligadas a facilitação a detecção do conflito de fluxos de estímulos de informações, regulação da motivação, melhora na função executiva representando maior aceitação dos estados emocionais, regulação emocional e coordenação das emoções, tomada de decisão e planejamento entre outras áreas e estruturas cerebrais.

Acredito que a maior importância da prática meditativa dentro dos estudos é o potencial significado que esta técnica apresentou em relação a regulação emocional.


Pensando no contexto atual, onde o aumento de casos de depressão, ansiedade e outros distúrbios ligados ao formato social em que vivemos, a meditação pode vir a ser um aliado efetivo integrando os atuais modos de tratamentos.


A meditação é uma prática que independe de instrumentos, espaços e estruturas para que os efeitos sejam contemplados pelo individuo e acima de tudo não apresenta nenhuma oneração.


Os estudos abrem através das análises neurobiológicas e neurofisiológicas infinitas possibilidades de entendimentos de novas esferas e isso só faz da pratica da meditação algo ainda mais instigante e de infinitas possibilidades de contextos e métodos a serem pesquisados.


Um grande fluxo de estudos e trabalhos relacionados ao tema, veem ganhando destaque no mundo da ciência e estabelecendo a afirmação de que a prática meditativa esta associada diretamente a melhoras comportamentais, psicológicas e de saúde.

As áreas apresentadas nas pesquisas só fortificam as possibilidades de novos estudos e testes para comprovar e até mesmo desenvolver a prática meditativa como um caminho alternativo a tratamentos e melhorias nos contextos modernos de distúrbios e doenças que se desenvolvem com frequência.


Este levantamento é fundamental para dar suporte a novas propostas de estudos e concretizar um caminho de avanços relacionados a qualidade de vida e os problemas atuais ligados a comportamentos em que vivemos.

Pensando no contexto atual, onde o aumento de casos de depressão, ansiedade e outros distúrbios ligados ao formato social em que vivemos hoje, a meditação pode vir a ser um aliado efetivo integrando os atuais modos de tratamentos.

Por isso meditar pode vir a ser uma saída inteligente para mudanças significativas em nossas vidas e por gerar resultados tão relevantes e mapeados pela ciência, ser um assunto tão atual e multiplicado entre todos atualmente.


Convido você a meditar e experimentar um estado diferente tendo a certeza, por experiência própria, que colherá resultados altamente significativos.


Referências Bibliográficas:

Livros

BEAR, M. F.; CONNORS, B. W; PARADISO, M. A.; Neurociências, desvendando o sistema nervoso. 2002.

CAPRA, F. O Tao da física, um paralelo entre a física moderna e o misticismo oriental. 1995.

DANUCALOV, M. A. D.; SIMÕES, R. S. Neurofisiologia da Meditação. 2009.

GAZZANIGA, M. S.; IVRY, R. B.; MANGUN, G. R. Cognitive Neuroscience, The biology of the mind. 2009.

GAZZANIGA, M. S.; RUSSEL, T.; SENIOR, C; Methods in Mind. 2006.

GOLEMAN, D. A mente meditativa. 1998.

HART, W. Meditação Vipassana, a arte de viver segundo S. N. Goenka. 1987.

LAUMAKIS, S. J. Uma introduçãoo à filosofia budista. 2010.

LENT, R. Cem Bilhões de neurônios, conceitos fundamentais de neurociência. 2004.

MYERS, D. G. Psicologia. 2012.

ROSENTHAL, Dr. Norman E. Transcendência, como alcançar a cura e a transformação por meio da meditação. 2012.

ZIMMER, H. Filosofias da India. 2012.

Artigos

Brown, K. W., Goodman, R. J., & Inzlicht, M. (2012). Dispositional mindfulness and the attenuation of neural responses to emotional stimuli.Social cognitive and affective neuroscience, nss004.

Butman, J., & Allegri, R. F. (2001). A cognição social eo córtex cerebral.Psicologia: reflexão e crítica, 14(2), 275-279.

Cahn, B. R., & Polich, J. (2006). Meditation states and traits: EEG, ERP, and neuroimaging studies. Psychological bulletin, 132(2), 180.

Cahn, B. R., Delorme, A., & Polich, J. (2012). Event-related delta, theta, alpha, and gamma correlates to auditory oddball processing during Vipassana meditation. Social cognitive and affective neuroscience, nss060.

Davidson, R. J., & Goleman, D. J. (1977). The role of attention in meditation and hypnosis: A psychobiological perspective on transformations of consciousness. International Journal of Clinical and Experimental Hypnosis,25(4), 291-308.

Farb, N. A., Segal, Z. V., & Anderson, A. K. (2012). Mindfulness meditation training alters cortical representations of interoceptive attention. Social cognitive and affective neuroscience, nss066.

Hölzel, B. K., Lazar, S. W., Gard, T., Schuman-Olivier, Z., Vago, D. R., & Ott, U. (2011). How does mindfulness meditation work? Proposing mechanisms of action from a conceptual and neural perspective. Perspectives on Psychological Science, 6(6), 537-559.

Kang, D. H., Jo, H. J., Jung, W. H., Kim, S. H., Jung, Y. H., Choi, C. H., ... & Kwon, J. S. (2013). The effect of meditation on brain structure: cortical thickness mapping and diffusion tensor imaging. Social cognitive and affective neuroscience, 8(1), 27-33

Lazar, S. W., Bush, G., Gollub, R. L., Fricchione, G. L., Khalsa, G., & Benson, H. (2000). Functional brain mapping of the relaxation response and meditation. Neuroreport, 11(7), 1581-1585

Lazar, S. W., Kerr, C. E., Wasserman, R. H., Gray, J. R., Greve, D. N., Treadway, M. T., ... & Fischl, B. (2005). Meditation experience is associated with increased cortical thickness. Neuroreport, 16(17), 1893.

Leung, M. K., Chan, C. C., Yin, J., Lee, C. F., So, K. F., & Lee, T. M. (2012). Increased gray matter volume in the right angular and posterior parahippocampal gyri in loving-kindness meditators. Social cognitive and affective neuroscience, nss076.


Levine, M. (2000). The positive psichology of buddhism and yoga: Patas to a mature happiness. New Jersey: Lawrence Erlbaum Associates.

Lutz, A., SLAGTER, H. A., RAWLINGS, N. B., FRANCIS, A. D., GREISCHAR, L. L., & DAVIDSON, R. J. (2009). Mental training enhances attentional stability: neural and behavioral evidence. The Journal of Neuroscience, 29(42), 13418-13427.

Mascaro, J. S., Rilling, J. K., Negi, L. T., & Raison, C. (2012). Compassion meditation enhances empathic accuracy and related neural activity. Social cognitive and affective neuroscience, nss095.

Prakash, R. S., De Leon, A. A., Klatt, M., Malarkey, W., & Patterson, B. (2012). Mindfulness disposition and default-mode network connectivity in older adults. Social cognitive and affective neuroscience, nss115.

Quirk, G. J., & Beer, J. S. (2006). Prefrontal involvement in the regulation of emotion: convergence of rat and human studies. Current opinion in neurobiology, 16(6), 723-727.

Shapiro, D. (1981). Meditation: Clinical and health-related applications. The Western Journal of Medicine, 134(2), 141-142.

Stein Stein, J. L., Wiedholz, L. M., Bassett, D. S., Weinberger, D. R., Zink, C. F., Mattay, V. S., & Meyer-Lindenberg, A. (2007). A validated network of effective amygdala connectivity. Neuroimage, 36(3), 736-745.

Taylor, V. A., Daneault, V., Grant, J., Scavone, G., Breton, E., Roffe-Vidal, S., ... & Beauregard, M. (2012). Impact of meditation training on the default mode network during a restful state. Social cognitive and affective neuroscience, nsr087.

Teper, R., & Inzlicht, M. (2013). Meditation, mindfulness and executive control: the importance of emotional acceptance and brain-based performance monitoring. Social cognitive and affective neuroscience, 8(1), 85-92.

Tang, Y. Y., & Posner, M. I. (2012). Special issue on mindfulness neuroscience. Social cognitive and affective neuroscience, nss104.

Westbrook, C., Creswell, J. D., Tabibnia, G., Julson, E., Kober, H., & Tindle, H. A. (2013). Mindful attention reduces neural and self-reported cue-induced craving in smokers. Social cognitive and affective neuroscience, 8(1), 73-8

 
 
 

Comentários


© 2020 MOTTOR MBO

bottom of page